terça-feira, outubro 12, 2010

Antes nenhum OGE que um mau OGE

A razão pela qual se tornou alegadamente obrigatório que o PSD viabiliza o OGE prende-se com o eventual perigo dos mercados canibalizarem a dívida soberana, o FMI – a mando da senhora Merkel – começar a intervir nas Finanças Portuguesas e o a hipótese de Portugal ser convidado a sair da zona Euro.
Nenhum destes argumentos me convence. Os mercados há muito que canibalizaram a dívida soberana, o FMI não precisa de entrar por já cá está e a saída de Portugal – e de outros Estados na mesma situação – significaria o fim do Euro, algo que não dá jeito nenhum à Alemanha.
Depois, e por outro lado, mesmo com o OGE aprovado é evidente que o mesmo teria uma validade muito curta: a seguir a Janeiro já se sabe que vai haver eleições legislativas, o que implicará mudanças estruturais profundas.
Porque razão, então, é que anda muita gente a querer condicionar o PSD?
São várias as razões, das quais destacarei apenas algumas:
1.Cavaco Silva não quer esse problema em campanha eleitoral e precisa de aparecer como o conciliador
2.Sócrates pretende que o PSD seja cúmplice das medidas de austeridade, de forma a poder cercear-lhe o discurso político
3.A oposição interna do PSD quer, “as always”, fragilizar o líder e retirar-lhe margem de manobra.
Tendo em conta as medidas já anunciadas pelo governo – medidas que conduzirão à falência da economia e à instabilidade social violenta – o que já se sabe da proposta do PS é que o futuro OGE será mau.
O PSD se o viabilizar será inexoravelmente cúmplice de um mau OGE.
É preferível nenhum orçamento a um mau orçamento e eleições vamos tê-las com ou sem orçamento.

1 comentário:

  1. Respeito e porém discordo. Por um motivo prático. Não vamos ter eleições antes de Abril/Maio. Ora, se o orçamento for reprovado, o crédito da república ficará imediatamente impedido. O FMI nada poderá fazer pois não pode pressionar um governo que não tem maioria. Sabemos que o Estado Português precisa de emitir mensalmente cerca de mil milhões de euros de dívida. Ora na prática a não aprovação do orçamento significará que lá para Novembro/Dezembro o Estado entre em colapso financeiro e deixa de pagar salários. E daí para a frente é piorar. Prefiro por isso um PÉSSIMO orçamento do que nenhum. Dando de barato - como dou - que de um modo ou outro é a UE que passa a comandar o país à distância.

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