sábado, julho 31, 2010

A Ministra da Educação que acabar com o "chumbo" - grande Ministra!!!

Eu não sou “perito” em “Educação”, mas desde que me lembro sou aluno e já dei algumas aulas, ou seja a minha visão sobre a matéria não é científica, é construída por experiência própria e pela observação pessoal, mas não sustentada em conhecimentos aprofundados em pedagogia. Também não sou daqueles que afirma que o “ensino dantes é que era bom”. Sobre isso acho que havia coisas melhores mas havia muitas mais piores.
No entanto apesar desta míngua de sustentação científica das minhas opiniões considero que o “Educação” é um sistema falhado em Portugal, todo ele direccionado não para a formação e aquisição consistente de conhecimentos mas sim para uma ideia de sucesso que privilegia apenas o “o passar” e a não desistência da escola.
Tenho também a sensação que os professores produzidos por este sistema são, em regra, mais ignorantes, que têm do ensino uma ideia meramente profissional esquecendo o quanto de “missão” que o mesmo deve estar imbuído, que o Ministério da Educação – tirando algumas excepções – navega à vista, sem rumo definido, em constantes contradições, cada vez mais gordo e pesado, dizendo agora uma coisa e cinco minutos depois algo diverso, que os sindicatos da área são essencialmente corporativistas e partidariamente inquinados, que os pais são cada vez mais exigentes e menos cooperantes e avessos a assumir as suas próprias responsabilidades, enfim que o enredo, o cenário e os actores são cada vez mais e mais fracos.
Ouvi hoje dizer que a Ministra da Educação quer acabar com o chumbo nas escolas porque o chumbar prejudica o aluno. Ela tem toda a razão: faz todo o sentido com o pandemónio que caracteriza o ensino.
Esta Ministra da Educação – ao contrário da sua antecessora – é a maior aliada e cúmplice do sistema vigente: não percebe nada de educação e não quer problemas.
No entanto apesar do que dita o sistema e do que afirma a Ministra da Educação, a minha opinião que não é cientificamente sustentada é distinta: não acredito na transmissão de conhecimentos por parte de quem não sabe ou não gosta de os transmitir, não acredito na aquisição de conhecimentos sem muito trabalho, esforço e estudo, não acredito que o passar por passar e o ficar na escola apenas porque é obrigatório sirva para alguma coisa.
Mas a minha opinião, reconheço, é irrelevante: não sou pedagogo.

terça-feira, julho 13, 2010

Faz quatro anos....

Faz quatro anos que partiste. Sem aviso. Como uma rajada de vento, inesperada e violenta.
O imenso espaço que ocupavas na vida, em nós, em mim, continua por preencher.
Deixaste um espelho. Um espelho onde olho e vejo reflectida a memória e a saudade.
Quatro anos passaram, muita água passou debaixo de todas as pontes. Debaixo da minha ponte.
Estou mais velho mãe. Mais cansado. Mas continuo a gostar de tudo o quanto me ensinaste a gostar. A gostar mais ainda. Tenho muita pena de não te poder dizer isso.
Lembro-me, quando mo davas, de pensar que jamais esqueceria o teu colo. Não me enganei nisso.
Quero que saibas que apesar de tudo estou bem. Continuo a fazer o meu caminho. É verdade que o faço já sem correrias, sem me preocupar muito se chego ou não, mas continuo a andar.
Quero que saibas que estou em paz. Percebi qual seria a paz a que tinha direito e aprendi a fazer dela a paz suficiente. Isso não significa que perdi a capacidade de me enfurecer. Mas também não desaprendi a rir. A rir de mim e rir do que tem graça. Da mesma forma que não me engano, confundindo de propósito o que é bem e o que é mal, o bem que me ensinaste e o mal para que me alertaste. Ah…outra coisa mãe, ainda não me vendi. Não me vendi por mim, mas também quero que saibas que também não me vendi por ti. Se me vendesse, quando chegasse a minha hora, talvez Deus entendesse porquê, mas tu, tenho a certeza que não compreenderias nem aceitarias, e eu prefiro mil vezes a tua compreensão que o perdão de Deus.
Enquanto escrevo isto para ti ouço a Callas. A tua Callas.
Manda-me um beijo da parte nenhuma em que estás que é em toda a parte. Essa toda a parte em que estás é o céu azul de Verão ou de noite estrelada, mas é também o mar e um campo de trigo, um quadro, uma sinfonia, um entardecer dourado e o clarão de um relâmpago. Eu sei que estás aí, porque aí te tenho visto.
Do teu sempre filho,
MNN

quinta-feira, julho 01, 2010

Modelo percentagem fixa e chapa cinco e o descalabro na Cultura

A grave situação económica e financeira que o País atravessa provoca uma espécie de ensandecimento político que se traduz na febre de reduzir a despesa no “modelo percentagem fixa e chapa cinco”, ou seja o corte de x% em tudo, solução errada e que acaba sempre por trazer mais prejuízos do que lucros.
A questão é fácil de perceber: imaginemos uma família normal em que a crise obriga a uma contenção de despesas. Imaginemos ainda que nessa família é decidida uma redução de 10% a todas as despesas. Resultado prático: as propinas do menino ou da menina são no valor de 100 euros por mês. A redução de 10% aplicada a esses 100 euros mensais resultam nuns 90 euros insuficientes para pagar a dita propina, ou seja, o menino ou a menina deixam de poder frequentar o estabelecimento de ensino.
Este exemplo, mais simplório do que simples, serve no entanto para ilustrar a patetice que é a aplicação da receita acima referida.
O que é preciso, antes de se proceder a qualquer corte, é eleger prioridades e estando as ditas elencadas proceder aos cortes necessários mas com inteligência e razoabilidade.
Fico sempre assustado com essas decisões porque percebo que resultam de incompetência.
O que está acontecer ao nível de dois Ministérios essenciais para o progresso do País – o da Educação e o da Cultura – é um exemplo claríssimo dessa política cega e estúpida.
O que se está a passar ao nível do Ministério da Educação é já do conhecimento geral e objecto de amplo debate público. No entanto pouco se fala no Ministério da Cultura, em que os cortes anunciados, decididos apenas mediante critérios contabilísticos, vão ter efeitos tremendos no panorama cultural português, reforçando o enorme caudal de mentiras que tem caracterizado o (des)governo Sócrates: a Cultura foi considerada pelo PS, na última campanha eleitoral, como uma das prioridades.
É evidente que a Ministra da Cultura tem especiais responsabilidades nesta situação ao ser absolutamente incapaz, em sede de discussão orçamental, em travar a sangria. Longe vão os tempos do Professor Manuel Maria Carrilho.
O que se está passar ao nível dos apoios aos museus, ao teatro, à dança, ao cinema e á música é um perfeito escândalo, para já não falar da inexistência de qualquer apoio à protecção e salvaguarda do património edificado.
Era bem melhor que a Senhora Ministra da Cultura aparecesse menos em revistas de moda, recepções e funerais de estado e dedicasse mais tempo a cumprir com as suas obrigações políticas. Se não for capaz de impor critérios diferentes para a Cultura, terá sempre a opção da decência: sair do governo.