terça-feira, julho 13, 2010

Faz quatro anos....

Faz quatro anos que partiste. Sem aviso. Como uma rajada de vento, inesperada e violenta.
O imenso espaço que ocupavas na vida, em nós, em mim, continua por preencher.
Deixaste um espelho. Um espelho onde olho e vejo reflectida a memória e a saudade.
Quatro anos passaram, muita água passou debaixo de todas as pontes. Debaixo da minha ponte.
Estou mais velho mãe. Mais cansado. Mas continuo a gostar de tudo o quanto me ensinaste a gostar. A gostar mais ainda. Tenho muita pena de não te poder dizer isso.
Lembro-me, quando mo davas, de pensar que jamais esqueceria o teu colo. Não me enganei nisso.
Quero que saibas que apesar de tudo estou bem. Continuo a fazer o meu caminho. É verdade que o faço já sem correrias, sem me preocupar muito se chego ou não, mas continuo a andar.
Quero que saibas que estou em paz. Percebi qual seria a paz a que tinha direito e aprendi a fazer dela a paz suficiente. Isso não significa que perdi a capacidade de me enfurecer. Mas também não desaprendi a rir. A rir de mim e rir do que tem graça. Da mesma forma que não me engano, confundindo de propósito o que é bem e o que é mal, o bem que me ensinaste e o mal para que me alertaste. Ah…outra coisa mãe, ainda não me vendi. Não me vendi por mim, mas também quero que saibas que também não me vendi por ti. Se me vendesse, quando chegasse a minha hora, talvez Deus entendesse porquê, mas tu, tenho a certeza que não compreenderias nem aceitarias, e eu prefiro mil vezes a tua compreensão que o perdão de Deus.
Enquanto escrevo isto para ti ouço a Callas. A tua Callas.
Manda-me um beijo da parte nenhuma em que estás que é em toda a parte. Essa toda a parte em que estás é o céu azul de Verão ou de noite estrelada, mas é também o mar e um campo de trigo, um quadro, uma sinfonia, um entardecer dourado e o clarão de um relâmpago. Eu sei que estás aí, porque aí te tenho visto.
Do teu sempre filho,
MNN

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