terça-feira, abril 26, 2011

Portugal e o Tempo

Um dos grandes problemas da contemporaneidade é a velocidade: as coisas acontecem tão e tão depressa que se torna manifestamente impossível, sequer, ensaiarmos a síntese dessa mesma contemporaneidade, que é a nossa.
Se não há síntese é sinal que não há laboração, que não compreensão e que não há aprendizagem.
Portugal, desde 1974, que é um exemplo claro dessa velocidade que inviabiliza a síntese.
O inviabilizar da síntese resulta na impunidade e na irresponsabilidade geral.
Portugal, conquistada a Liberdade, não reflectiu suficientemente no que foi a Ditadura, o que a possibilitou e a manteve. Não havia tempo. Não puniu os responsáveis, desde os políticos, passando pelos algozes da PIDE, aos grandes capitalistas e terratenentes que exploraram o Povo durante décadas. Não havia tempo.
Passado o PREC, Portugal não reflectiu suficientemente no que foi o processo revolucionário. Não havia tempo. Não puniu os que queriam de uma ditadura fazer outra, os que roubaram, vilipendiaram e destruíram. Não havia tempo. E foi em urgência, sem tempo, que o País assimilou mais de um milhão de pessoas, regressadas, sem nada de seu, do ex-Ultramar.
Decidida a entrada na CEE, Portugal preocupou-se em resolver a questão política imediata, sedimentar o regime e obter financiamento para a infra- estruturação urgente do País. Não havia tempo para pensar nas implicações económicas da destruição do primário e do secundário.
Passado pouco tempo, e a correr, não houve tempo para pensar se a entrada na moeda única seria ou não vantajosa para Portugal. Mergulhamos na união monetária, com pressa, à pressa e sem perceber se era tempo para isso.
Sempre em alta velocidade. Sempre sem tempo. Sempre apressadamente.
É altura de dizer basta a tanta urgência. É tempo de parar para pensar. É tempo de apurar responsabilidades, reflectir e aprender com os erros. É tempo de olharmos para o tempo e perceber para quê que precisaremos de tempo.
Temos que fazer a síntese, temos que perceber, temos que aprender, temos que reformular.
Senão fizermos isso, senão quisermos perder tempo com isso, perderemos, em definitivo o nosso tempo. E o tempo que virá.

sexta-feira, abril 22, 2011

Da crise, da ponte e da alienação social

A falta de credibilidade das instituições públicas e dos seus agentes tem efeitos devastadores em qualquer sociedade politicamente organizada e Portugal é um bom exemplo disso mesmo.


Um desses efeitos é uma desresponsabilização social, quer do ponto de vista colectivo quer do ponto de vista individual, em relação ao que se passa à nossa volta. As pessoas parece que não querem verdadeiramente saber.


Vejamos, em concreto, esta “ponte alargada” e os principais destinos de férias todos esgotados. É imoral que as pessoas tenham procedido “como habitualmente” quando vivemos momentos de excepcional gravidade. Não há pudor, um pudor que deveria ter levado as pessoas a serem contidas, a darem um sinal aos outros e a elas mesmo que algo de muito grave se está a passar: o País faliu, que é mesmo que dizer que estamos todos falidos. Mesmo aquelas pessoas, que por terem mais posses que as demais, ainda não sentiram os efeitos da crise, tinham a obrigação de procederem de forma diversa do “como habitualmente”.


Quantas destas minis férias não representam um acréscimo de endividamento para a maior parte das famílias? Estou convencido que representa isso para a maioria das famílias que esgotaram os hotéis e os aviões nestes dias.


As pessoas iludem-se, vivem como se vivessem uma espécie de últimos dias, como se não houvesse amanhã. Mas existe amanhã, um amanhã de sacrifícios e uma amanhã para pagar dívidas que cada vez são mais.
Esta alienação social é perigosíssima. Este “estado de negação” é socialmente patológico e é, em simultâneo, sintoma e causa. Sintoma do profundo mal que sofre a sociedade portuguesa e causa de um traumatismo social que não tardará a emergir.


Eu nada tenho contra férias, mini-férias e períodos de lazer. Provavelmente até disponho de meios económicos superiores a grande parte das pessoas que “partiram para férias”, mas apesar disso resolvi ficar por “casa” e trabalhar como “habitualmente”. Resolvi fazer isso porque o País precisa disso. Precisa de pequenos esforços de cada um, de pequenos sinais de cada um, para que a realidade se altere. Temos que perceber que para sairmos do buraco em que estamos metidos só poderemos contar connosco: com o nosso trabalho, com o nosso sacrifício e com a nossa determinação.


Temos tido lideranças fracas, sem qualquer tipo de ideia ou autoridade. Temos que ser superior a elas e a isso. Temos que nos superar. Temos que dar o exemplo.

domingo, março 27, 2011

Da recuperação da ideologia

O problema do PS e do PSD é que ambos abandonaram as respectivas matrizes iniciais e distintivas e - por causa da consolidação dos interesses das suas clientelas de natureza parasitária – tornaram-se demasiado parecidos, semelhanças que aliás e naturalmente se intensificam em ambientes de crise. Em bom rigor quase que é indiferente votar em qualquer um dos citados partidos: o modelo político-social é o mesmo, as soluções económico-financeiras são as mesmas, o encarar o País como uma espécie de coutada própria é igual. A única diferença que poderá existir na vitoria de um ou de outro, vitória que será sempre tangencial, é a possibilidade que uma vitória do PSD poderá trazer a uma aliança com o CDS e que uma vitória do PS poderá trazer a uma aliança com um dos dois partidos à sua esquerda – PCP e BE – ou com ambos. Mas essas diferenças só poderão tornar-se uma realidade se o Presidente da República o quiser, e eu estou convencido que ele quer mesmo é um Bloco Central sem Pedro Passos Coelho e sem Sócrates no Governo. É preciso que as pessoas, à direita e à esquerda, que têm propensão para votarem “útil” quer no PSD quer no PS (o voto útil só o é para quem o recebe), e que abominam a possibilidade de uma maioria parlamentar assente num Bloco Central, percebam que só evitam votando no partido à direita do PSD ou nos partidos à esquerda do PS, conforme seja a sua visão da sociedade que pretendem para Portugal. Portugal precisa de uma maioria parlamentar ampla, mas o pior que lhe poderia acontecer seria que essa mesma maioria fosse formada por quem nos conduziu ao estado em que estamos: PSD e PS. Temos um problema muito sério de finanças públicas e de economia mas esse problema só terá solução através da recuperação da questão ideológica. São as ideologias que aportam os factores distintivos da política e não a adopção de modelos meramente económicos, sem formatação ideológica, que acabam por ser todos iguais e permeáveis aos interesses exclusivamente económicos. Foi o jogo dos modelos meramente económicos que nos trouxe o status quo mundial e que transformou esta Europa numa espécie de espaço vital alemão.

quarta-feira, março 16, 2011

A Desastrosa Ficção

Portugal vive há meses uma desastrosa ficção: a de que tem Governo e que é governado.
Este Governo não o é. O Governo limita-se a cinco tipos de actividade: uma gestão corrente leviana, a cortes alucinados nos investimentos produtivos, ao arruinar brutal das famílias e das empresas, à venda do País a agiotas e à mentira constante aos Portugueses.
Em crise política estamos nós mergulhados. Uma crise que assenta num governo inoperante, mentiroso e incompetente, no descrédito total das instituições do Estado, alheado a um sentimento de inutilidade social percepcionado pela população em relação às mesmas.
As crises agudas em Democracia só se resolvem pelo Povo e num exercício da soberania que lhe pertence: eleições.
Cada dia que passa é mais um dia de perigo para o regime. As pessoas fartam-se, os demagogos pululam e os interesses obscuros actuam como ácido nas estruturas.
Senhor Presidente da República aja!

segunda-feira, março 14, 2011

Carta Aberta à Ministra de Educação

Publicada no Jornal "Público" em 2011.III.14

domingo, março 13, 2011

A lição do dia de ontem

Portugal é cada vez mais uma Nação enquadrada por um Estado falhado. Um Estado falhado porque não consegue que as suas principais instituições – instituições legislativas, instituições governativas, instituições de justiça, instituições partidárias e instituições de representação laboral e empresarial – sejam sentidas pela maioria da população como socialmente úteis.
Esse sentimento de inutilidade social em relação às instituições advém da percepção, mais ou menos nítida, por parte do Povo que as mesmas funcionam mal ou pura e simplesmente não funcionam porque se tornaram incapazes de corresponder com eficácia às distintas solicitações e questões que lhes são colocadas.
Se a responsabilidade de alterar esta staus quo deve ser partilhada por toda a sociedade é, no entanto, evidente que os mais responsáveis são os membros da classe política, ou seja aqueles que exercem o poder em representação e por delegação do Povo.
O que está a acontecer é que a principal virtude exigida ao serviço público – à sua concepção e exercício – quase desapareceu. Refiro-me, obviamente, à decência*.
Sem decência na definição das políticas e sem decência nos agentes políticos não há justiça. A justiça colectiva e particular é filha dilecta da decência. É a decência que impede a injustiça. Sem justiça não há liberdade, o que significa que uma exigência de liberdade não pode ser separada, em termos de reivindicação cívica, de uma exigência de decência.
O que todos escutamos ontem por parte dos manifestantes de todas as idades, por mais distintas que tenham sido as palavras de ordem, partilhavam todas a mesma exigência: decência. Só pessoas decentes é que percebem que todos têm o direito a uma vida decente e que é uma verdadeira indecência o Estado, os seus agentes e as suas políticas, não serem nem parecerem decentes e não pugnarem por essa mesma decência.
Quando a política e os políticos se perspectivarem em prol da decência o Povo não deixará de se sacrificar e de contribuir. É essa a lição essencial que a “política” deve retirar do dia de ontem.
* não confundir com Moral.

sábado, março 12, 2011

Manifestações de 12 de Março de 2011 - Obrigado.

Hoje foi um dia importante para mim e tenho que agradecê-lo muito especialmente aos mais jovens e aos mais idosos que compareceram nas manifestações realizadas por todo o País. Aos mais jovens porque me garantiram que Portugal está vivo e que tem futuro. Aos mais idosos porque me fizeram recordar ( a mim que caminho para a velhice) que não há limite de idade para a esperança e para a luta pelo que vale a pena.
Foi também importante porque enquanto pessoa que há anos se dedica à “coisa política”, procurando fazer o melhor que sabe e o melhor que pode, estava cada vez mais desanimado, cansado e submetido a uma dúvida permanente: será que vale a pena, será que o acreditar que a política é a mais nobre actividade do Homem e que não há serviço mais honroso do que o serviço público, não passa de uma ilusão assimilada na já distante adolescência?
Hoje percebi que continua a valer a pena. Obrigado.

A grande manifestação de 12 de Março de 2011

Esta enorme manifestação pluri-urbana, que juntou anseios, expectativas, desejos e revoltas distintas, não é para ser analisada na lógica do gosto/não gosto, concordo/não concordo, tem é que ser percebida, meditada e que da mesma sejam retiradas lições. Esta manifestação não é um problema para a classe política...é talvez a melhor oportunidade que lhe foi dada nas últimas décadas.

domingo, fevereiro 20, 2011

Que me perdoe o Almada..e Dantas também! PIM!

Uma nação, que consente deixar-se representar por um Bloco Central de Interesses é uma nação que nunca o foi. É um coio d’indigentes, d’indignos e de cegos! É uma resma de charlatães e vendidos, e só pode parir abaixo de zero!
Abaixo a nação!
Mora o Bloco Central de Interesses, morra! PIM!
Uma nação com um Bloco Central de Interesses a cavalo é um burro impotente!
Uma nação com um Bloco Central de Interesses à proa é uma canoa uni seco!
O Bloco Central de Interesses é uma Máfia!
O Bloco Central de Interesses é Máfia e meia!
O Bloco Central de Interesses saberá de negócios, saberá de cotações, saberá de concursos, saberá fazer um pote para Cardeais saberá tudo menos governar que á a única coisa que ele faz!
O Bloco Central de Interesses sabe tanto de poder que até faz sonetos com algemas chinesas!
O Bloco Central de Interesses é um habilidoso!
O Bloco Central de Interesses veste-se à custa do suor dos outros!
O Bloco Central de Interesses usa ceroulas de marca!
O Bloco Central de Interesses especula e inocula os concubinos!
O Bloco Central de Interesses é o Bloco Central de Interesses!
O Bloco Central de Interesses é Xico-Esperto!
Morra o Bloco Central de Interesses, morra! PIM!
Bloco Central de Interesses fez um Rui Mateus, que tanto o podia ser como Oliveira e Costa ou um Dias Loureiro, ou um Godinho Sucateiro, como um par de submarinos ou um terreno de sobreiros, ou um conselho de administração, ou um BPN e porque não um BPP, um rendeiro, um vara, um pântano, uma sisa ou um porto franco e muitas off-shores!
E o Bloco Central de Interesses teve claque! E o Bloco Central de Interesses teve palmas! E o Bloco Central de Interesses agradeceu!
Bloco Central de Interesses é um mafiosão!
Não é preciso ir para o parlamento, para um tribunal, para um governo para se ser um pantomineiro, basta ser-se pantomineiro!
Não é preciso mascarar-se p’ra se ser salteador, basta agir como Bloco Central de Interesses! Basta não ter escrúpulos nem morais, nem artísticos, nem humanos! Basta andar co’as modas, co’as políticas e co’as opiniões! Basta usar o tal sorrisinho, basta ser-se muito politicamente correcto e usar fatinho às riscas, gravatinha e olhos meigos! Basta ter cartãozinho! Basta ser Bloco Central de Interesses!
Morra o Bloco Central de Interesses, morra PIM!
O Bloco Central de Interesses nasceu para provar que, nem todos que governam sabem governar!
O Bloco Central de Interesses é uma fábrica que deita p’ra fora o que a gente já sabe que vai sair…mas é preciso deitar dinheiro!
O Bloco Central de Interesses é um folhetim d’elle-próprio!
Bloco Central de Interesses em decência nunca chega a pólvora seca e em talento é pim-pam-pum!
O Bloco Central de Interesses revelado é horroso!
Bloco Central de Interesses cheira mal da boca!
Morra o Bloco Central de Interesses, morra! PIM!
O Bloco Central de Interesses é o escarneo da consciência!
Se Bloco Central de Interesses é português eu quero ser chinês!
O Bloco Central de Interesses é a vergonha da Democracia Portuguesa! O Bloco Central de Interesses é a meta da decadência moral!
E ainda há que não core quando diz admirar o Bloco Central de Interesses!
E quem lhe branqueie a roupa!
E quem tenha dó do Bloco Central de Interesses!
E ainda há quem duvide que o Bloco Central de Interesses não vale nada, e que não respeita nada, e que nem é matreiro nem decente, nem zero!...

sábado, fevereiro 05, 2011

Sobre a canção "Que parva que eu sou" dos Deolinda

Parece que os Deolinda estão a ter um enorme êxito com uma nova canção intitulada “Que parva que eu sou” onde em jeito de denúncia revelam a difícil situação da maior parte dos jovens adultos portugueses, que apesar de uma boa preparação académica estou reduzidos ao desemprego a ao trabalho precário.
Apesar desta denúncia musical ser verdadeira quanto ao facto de haver muitos e muitos jovens nessa situação, também não é menos verdade que esses mesmos jovens correspondem, muito provavelmente, à geração portuguesa mais e melhor preparada para enfrentar o futuro de sempre, o que não deixa de revelar outro problema bem mais sério que é uma espécie de letargia acomodada, um deixa “andar”, um sentimento intolerável de auto-piedade e um privilegiar do carpir em detrimento do agir.
É verdade que as “coisas” são muito difíceis, o desemprego grassa, a crise económica e financeira é uma realidade atroz, mas também não é menos verdade é que esses mesmo jovens concluíram o ensino universitário, não têm guerra colonial, não têm que passar fronteiras “a salto”, etc, etc.
Há milhões de pessoas no mundo inteiro, que apesar da miséria, da extrema pobreza, da fome e das epidemias, conseguem “dar a volta”, basta ver o extraordinários sucessos do “micro-crédito”. Em Portugal, na Europa, existem muitas possibilidades para o apoio a projectos empresariais submetidos por jovens, ou seja há bastante soluções ao alcance desses mesmos jovens desde que eles se mexam um bocadinho mais. É evidente que nem todos conseguirão ou terão sucesso, mas esses serão com toda a certeza muitos menos do que aqueles que hoje “carpem mágoas e deixam andar”.

segunda-feira, janeiro 24, 2011

No rescaldo eleitoral sobre Fernando Nobre, o candidato Periquito

Fernando Nobre, que inicialmente despertou muitas esperanças em pessoas que ansiavam por um candidato verdadeiramente independente que, caso eleito, usasse o seu “poder moderador” para liderar a reforma (e não da sua destruição) do sistema político português no sentido do reencontro das credibilização das instituições e dos seus agentes, revelou-se um “flop” a toda a prova.´

Um “flop” porque objectivamente não ficou em segundo lugar e não passou à segunda volta.

Fernando Nobre revelou-se um vaidoso, arrogante, com tiques de menino “queque”, teimoso, politicamente analfabeto, egótico-moralista e rodeou-se de um “inner-cicle” recheado de incompetentes, estalinistas e mesquinhos que em muito contribuíram para o seu triste percurso eleitoral.

Nobre, e a “malta” que ele escolheu para o rodear mais estreitamente, procedeu a purgas de apoiantes, caluniou gente que apenas discordava do rumo que a campanha levava, envolveu-se em trapalhadas como o alegado calote da renda da sede de Lisboa, tendo celebrado um contrato – que pelos vistos não honrou – com alguém que foi condenado por tráfico de armas, obrigou pessoas de bem a envolverem-se em processos judiciais por sua exclusiva culpa, pessoas essas que não sabem hoje como “descalçar a bota” que Fernando Nobre, abusivamente, lhes calçou.

A única coisa para que Nobre serviu foi para prejudicar o candidato Manuel Alegre, conforme era o desejo do seu primeiro mentor, Mário Soares, que se viu obrigado a afastar quando percebeu a palhaçada que armou. Muito provavelmente, Fernando Nobre, ficará para a História como o último divertimento político de Mário Soares, um divertimento lamentável e que sugere que o Dr. Soares, infelizmente, vive uma segunda infância birrenta e vingativa.

Fernando Nobre ao se ter comportado como se comportou, prestou um péssimo serviço à Democracia e à possibilidade dela própria poder gerar, tão cedo, candidatos independentes e credíveis que obriguem os partidos políticos a reformularem-se.

Fernando Nobre andou a brincar à política, como um diletante, brincando com coisas muito sérias como por exemplo a esperança e a generosidade cívica.
Fernando Nobre esticou ao máximo a técnica da dramatização, quer através das queixas de receber ameaças anónimas quer com a anedota do “tiro na cabeça”, revelando que está ainda na “Idade da Pedra” do jogo da Democracia e que apenas estava verdadeiramente interessado em “fazer os mínimos” que lhe garantissem a subvenção do Esatdo.

Fernando Nobre se tivesse vergonha – o que não deve ter porque para se ter vergonha é necessário possuir-se uma imagem real de si próprio e não uma imagem destorcida por um ego desmesurado – pedia desculpa a todos os seus apoiantes e desaparecia da vida política, procurando remediar os danos que causou à AMI neste processo todo por tê-la usado despudoradamente.

Mas Fernando Nobre não vai desaparecer, não vai perceber o mal que fez e retirar a devida lição da “porcaria” de resultados que obteve…vai continuar a pairar não se importando com o facto de se ter transformado num “clown” da política, um “Tiririca” armado ao intelectual. Fernando Nobre vai continuar a fazer tudo o quanto estiver ao seu alcance para ter, sempre que possível, um microfone e uma câmara de filmar para continuar a debitar as suas baboseiras sem sentido, e uma certa comunicação social, sempre ávida, por fenómenos do “nonsense”, vai fazer-lhe a vontade.

Fernando Nobre, citando D. João II, afirmou que havia tempo de ser pomba e tempo de ser falcão…mas Fernando Nobre não passou de um periquito de penas baças e de bico mais comprido do que a cabeça.

quinta-feira, janeiro 20, 2011

Porque é que Cavaco Silva vai ser reeleito e a abstenção vai crescer

No próximo domingo Aníbal Cavaco Silva vai ser reeleito Presidente da República por culpa exclusiva dos seus adversários directos. Uns por serem meros candidatos do sistema e outros por serem o pior que os “fora de sistema” podem ser.

Os candidatos do sistema são Manuel Alegre e Francisco Lopes.
Os candidatos “fora do sistema” são Fernando Nobre e José Manuel Coelho.
Defensor Moura não é uma coisa nem outra, sendo uma espécie de candidato “regional”.

Manuel Alegre vai ter o que merece: trocou a sua independência, o seu quadrado, pela sujeição "bi"partidária, com a agravante de ser a pedra de toque do impossível: a conciliação PS/Bloco de Esquerda. Ao querer ter sido um candidato do sistema meteu-se num labirinto de contradições insanáveis sendo, em simultâneo, cúmplice de intoleráveis silêncios e de ruídos demagógicos. Perdeu-se…perdendo antes de começar.

Francisco Lopes é o candidato do PCP. PCP, parte importantíssima do sistema, e nada mais há a acrescentar…a não ser que “faz parte”.

Cavaco Silva é o melhor candidato do sistema. É um dos mais sólidos esteios do Bloco Central de Interesses, com espaço suficiente para os demais (a malta ligada ao “sobreirame” e aos submarinos). Cavaco Silva foi sempre o melhor aliado de Sócrates e o cajado sempre firme dos filhos dilectos do cavaquismo, a rapaziada da política dos negócios e dos negócios da política. Além do mais, é suficientemente severo e magro para corresponder à imagem paternal-avoenga tão ao gosto dos netos da Santa Inquisição e do Salazarismo que a porcaria do sistema educativo que temos tarda a eliminar.

Fernando Nobre, um “fora do sistema”, revelou-se um demagogo-populista, arrogante, moralista e politicamente ignorante, com tiques de autoritarismo, uma espécie de Pina Manique "sebastianista-bacoco".
José Manuel Coelho…bem José Manuel Coelho é um fenómeno do “tropicalismo-atlântico”, tristemente muito engraçado.
Por isso Cavaco Silva vai ser reeleito - é a aposta mais segura que o sistema pode oferecer ao sistema, sistema esse que os candidatos "fora do sistema" ajudaram a consolidar - e a abstenção vai crescer.

sábado, janeiro 15, 2011

Sobre o caso "Carlos Castro"

Anda o circo da comunicação social na tournée do caso “Carlos Castro”, fazendo do mesmo uma cobertura inaudita e à custa de mihares e milhares de euros, num relato permanente de não notícias e ainda por cima a dar azo e a fomentar uma evidente perversão dos factos.
Pessoalmente nunca simpatizei com Carlos Castro. Considero-o um mero produto da sociedade chiclete, geradora de banalidades elevadas à qualidade de coisas importantes e que fazem parte da tralha da contemporaneidade. Considero, aliás, um insulto a memória da própria, as constantes comparações que dele fazem com Vera Lagoa. Essa comparação só revela ignorância de quem a faz.
No entanto, Carlos Castro, foi barbaramente assassinado por um homem, que apesar de jovem, não parece ser destituído mental e que já tem idade para saber que não há “almoços de borla”. Até admito que o assassino poderá ter tido um momento de desequilíbrio provocado por uma enorme tensão nervosa, mas isso não elimina o facto que matou um homem muito mais velho, fisicamente débil, não só com violência mas com requintes de sadismo.
A corrente desculpabilizadora que se está a gerar em volta desse homem, alimentada pela comunicação social, é intolerável. O assassino merecerá concerteza compaixão e a sua família solidariedade pelo drama em que se viu envolvida, mas não merece um branqueamento do seu comportamento e muito menos a desculpabilização do seu acto.
Esta comunicação social sabe perfeitamente que não há espectáculo sem catalização dos preconceitos e sem um enorme baile de todos os fantasmas.
Desculpem-me a expressão, mas é tudo uma “boa merda”.

domingo, janeiro 09, 2011

Já é tempo de se começar a perceber o que se vai seguir

Como não tarda que passe este fait diver em que se transformaram as eleições presidenciais, já que não apareceu nenhum candidato com um projecto assente na necessidade de liderar, enquanto poder moderador, uma reforma do “Sistema Político de Governo” de forma a fortalecer o Regime e a trazer alguma esperança a esta velha Nação, estamos condenados a encontrar no “aquilo que é” o que se poderá seguir a esta paralisia governamental e a esta degradação crescente de todas as instituições do Estado, a começar pelos Órgãos de Soberania em que não existe alguém que em qualquer deles confie.
Aponta a tradição que neste bipartidismo instalado, neste rotativismo pós-moderno, o que se poderá seguir será um governo do PSD, formado a partir de um acordo parlamentar com o PP. Ora, assim sendo, já seria tempo em percebermos todos no discurso actual do PSD não o que “não” faria se fosse governo, mas sim o que “fará”….