quarta-feira, agosto 25, 2010

Sobre o fecho da Papelaria Fernandes

“Em comunicado enviado hoje à Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a Papelaria Fernandes anunciou o encerramento de 12 das suas 14 lojas e a dispensa de 100 funcionários.
No passado mês de Julho, a papelaria divulgou os dados referentes a 2009, que davam conta de uma quebra de 64 por cento nas receitas face ao ano anterior, para os 4,6 milhões de euros.

A empresa teve prejuízos na ordem dos 17 milhões de euros, consequência dos custos relacionados com a redução de 280 postos de trabalho que custaram, em indemnizações, cerca de 4,7 milhões de euros.

Em 2009, a facturação da papelaria diminuiu 8,4 milhões de euros, em relação a 2008 e as dívidas alcançaram os 64 milhões de euros”
- "Público".

Mais uma casa comercial centenária que fecha as suas portas, atirando para o desemprego dezenas e dezenas de pessoas.
Fui cliente da Papelaria Fernandes anos e anos e este desenlace na me espanta e parece-me a mim que já estava planeado e que a recuperação sucessivamente anunciada não passou de um conto da carochinha. No último ano as lojas limitaram-se a liquidar stocks, sem qualquer reposição, mantendo, no entanto, abertas as lojas nas grandes superfícies comerciais cujos contratos de arrendamento são, por regra, leoninos. Não admira que a facturação tenha diminuído. Diminuiu deliberadamente, talvez para servir como argumento para o presente encerramento. Senão vejamos: como é que a facturação não tinha que diminuir se as lojas já quase não tinham produtos para vender e no entanto eram mantidos os estabelecimentos abertos a pagar rendas caríssimas? Só por milagre é que a facturação não poderia ter descido e os ordenados devidos aos trabalhadores poderiam ser pagos.
É mais uma história triste em que valores como respeito à “casa” – marca, trabalhadores e clientes – são esquecidos.
É o que deu a parolice de transformar empresas comerciais sólidas, com patrão com cara definida, em “grupos”.
“Grupos” de oportunistas especuladores é o que é.

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