quinta-feira, maio 06, 2010

"Família"

Fico sempre irritado quando ouço dissertações mais ou menos inflamadas sobre a necessidade de “proteger a família”, sobretudo porque as mesmas aparecem em relação a assuntos que nada têm a ver com “Família”, como por exemplo a interrupção voluntária da gravidez, divórcio ou casamento dos homossexuais.
Fico sempre com a impressão que essas pessoas ou não percebem nada sobre “Família” e a sua importância ou têm da mesma uma noção muito diferente da minha. Fico sempre com a impressão que, para essas pessoas, “Família” é uma espécie de presépio ou de anúncio publicitário americano, do género que se poderia ver nas velhinhas revistas de Reader’s Digest dos anos cinquenta, em que apareciam sempre famílias numerosas e muito felizes ou sentadas à mesa ou em passeio.
Para mim “Família” não é nada disso.
Para mim “Família” é a velha árvore da minha identidade e onde ramificam os meus afectos.
Para mim “Família” é a minha herança genética e o meu património cultural.
Para mim “Família” é o universo da consanguinidade e das somas dos outros que passam a ser dos nossos e a tornar os demais que aí resultam nossos.
A “Família” não precisa de ser “protegida”. A “Família” precisa é de ser reconhecida, preservada e amada – com todos os seus defeitos, contradições, desapontamentos e mal entendidos – pelos seus membros.
O resto...o resto é treta e mito.

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